Essa semana os Estados Unidos e o mundo assistiram à vitória do partido
democrata nas mid-term elections para o congresso americano. Os
democratas fizeram maioria em ambas as casas (senado e câmara), o que
historicamente indica troca de partido na casa branca daqui a 2 anos nas
eleições presidenciais.
Como todos sabem, democrata é todo mundo
que não tem perfil republicano (conservador nos costumes/liberal na
economia), ou seja, um partido multifacetado, que reúne uma gama de
correntes das mais diferentes, desde liberais radicais (os chamados
libertários) até denfensores de movimentos sociais, o que se
convencionou chamar de "esquerda" para os padrões americanos (embora, se
comparados com o Brasil, fariam o pessoal do PFL parecer um monte de
comunas.)
Aí o leitor deste blog pergunta: e daí?
Bom,
normalmente não nos faria a menor diferença, se não fosse por um pequeno
detalhe. Os democratas venceram estas eleições devido ao voto de
protesto, contra a corrupção no governo Bush e, principalmente, a guerra
no Iraque. Com isso, dentro do partido democrata, ganhou força a ala
mais "radical", ou seja, a que menos semelhança guarda com os
republicanos.
Dentro dessa ala mais radical que irá compor o
congresso, além dos habituais defensores das minorias étnicas, culturais
e religiosas e seus respectivos movimentos sociais, encontra-se um
grupo que preocupa demais este que vos escreve.
São os defensores
dos setores primário e secundário da economia americana. Os protetores
das combalidas agricultura e indústria americana. Anti-liberais e
anti-globalização, eles defendem os interesses dos pequenos e médios
fazendeiros, bem como dos pequenos e médios industriais. Além disso,
fazem o jogo duplo, defendendo também as "unions" (os sindicatos
americanos).
Eles defendem a irracional proteção aos empregos do
setor, mesmo a um alto custo para o Estado americano. Combatem o êxodo
das empresas americanas para os chamados "países em desenvolvimento" e
são favoráveis à ampliação das políticas de subsídio agrícola e
industrial.
E é nesse ponto que o Brasil entra. Por mais
questionável que seja a política internacional do Sr. Bush, do ponto de
vista comercial há muito mais facilidade em assinar tratados de livre
comércio, derrubar tarifas alfandegárias e diminuir subsídios agrícolas
quando se negocia com os republicanos.
Com uma bancada de
democratas que prometem aumentar o discurso protecionista, podemos
perder espaço na principal economia de consumo do mundo.
Com o dólar estável no atual patamar, nuvens ainda mais negras pairam no ar dos exportadores brasileiros...
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